sexta-feira, 21 de agosto de 2009

INSERT SOBRE PADRÃO

Alô, estamos falando de outro continente,
onde matam os inocentes,
onde a paz é insurgente,
a arma obediente,
o amor incoerente.
É, de lá mesmo, de depois do Oriente.
Sou eu, a Criança Carente, o Velho, o Indigente, um Indigesto Presidente, sou a Ação e o Agente.
Eu sou a Gente.
Sou Eu, quem vota inconsciente, o Futuro e o Presente.
Eu sou a Juventude Cinza;
as Guimbas, o Perdido;
o Penteado Envaidecido.
As Cinzas, o Pó.
O Cocô do cavalo de um bandido
O Crack do cachimbo de um menor
Eu sou a menina dando por dinheiro,
Eu sou a Carne, o Cafezinho, o Cafetão, o Açougueiro.
Eu sou a Balada de um lado do muro,
e do outro, a Bala da AK.
Eu sou eu, quem tem motivo
mas nunca vai articular.

“ Ele é da década de 10 ”
a pontuação dessa sentença, os meus netos vão me dar.

Eu não sou Branco, não sou Negro
não tenho credo, nem crédito.
Sou personagem inédito,
precisando de emprego;

Não sou verde e amarelo,
não sou vermelho,
sou da cor do espelho.
dos olhos com medo, eu sou magrelo.

Não sou Maria, Carlos, nem Eustáquio.
Não sou o chamado Raimundo.
Eu sou, do ventre do mundo.
Sou a prescrição médica,
a impossibilidade numérica.
Sou eu Terráqueo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Um brinde: À próxima década!

Sob o açoite do aço, passo, grandes apertos de espaço, a escravidão tem um novo laço, apertando no pé descalço, mil ferramentas e álcool, abrem o couro do escalpo, rompem o crânio de assalto, descem o escafandrista moderno, mais prático, instalam o jogo de lógica, pra poder ficar fácil, prever o que eu faço.

Adeus, entrego minha saliva de óleo. À Deus, deixo do meu lado esquerdo, um olho, do direito um ato falho, com meu cérebro eu deixo meu salário (ambos no mesmo estado), pra você, mulher te deixo o meu poder para rimar, junto com dois pés, um de carvalho, o outro de papel reciclado, à eduarda deixo cinco filhos com nomes estranhos, que se postos num contexto, num filme, podem render algum trocado.

Longe de ser robô, mesmo que eu me estenda nas terminações. Não tenho mais do que o Poder pode oferecer tanto à mim como à você, o de nascer, crescer, fazer uma prece, envelhecer, alguém vai dizer que você merece, mas cada vez mais vai descer, chorar no canto pensando que: “se o seu dinheiro desse...”, mas eles não deu nem pro começo, e ainda tem que pagar, ainda vai tentar revidar e lutar, mas a vida não dá, não tendo mais galhos pra quebrar, vai olhar no espelho e se definir pelo que se perdeu nas repetidas podas durante a vida inteira e perceber que acabou se tornando um Bonsai com seu “eu” ínfimo ao que poderia ser, é tarde, já se fez noite e só quem vai poder é a luz do próximo amanhecer.

Suponhamos: aqui é o lugar onde se é, não existe a falsa esperança de morrer e ir para um lugar melhor, o medo não existe, e por isso, incontroláveis pela santa fé. O bom e velho “Aqui se faz, aqui se paga.”. Nessas condições, viveríamos o Paraíso? Ou o Inferno?

Teríamos, todos, boa índole e Amor?

Alguém mais aí acredita no humano? Ou numa rima para escafandrista?


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