quinta-feira, 3 de junho de 2010

Almanaque da Almanegada

bacon_study1953
Refastelado pelo chão, enfastiado, perigosamente desidratado, mesmo assim dava pra ver a mistura de incredulidade com satisfação no seu rosto coberto de muitas cores, estas vindas do tapete de sal colorido que havia sido cuidadosamente preparado no chão da cozinha alguns dias antes por uma senhora que aguardava ansiosamente sua visita. E lá estavam eles depois de arderem seus pecados no sal, com seus corpos devidamente castigados e saciados. Sem forças, ele rastejou pelo chão deixando um rastro multicor desde a cozinha, pela sala, corredor, até o banheiro, onde se arrastou pra dentro da banheira, até que finalmente, ligou a ducha e esperou que a água tirasse um pouco a secura do seu corpo e lavasse as feridas salgadas para então levantar-se e recompor sua dignidade e recobrar o falso olhar atencioso característico dos grandes líderes, se secou, saiu do banho enrolado no roupão dourado que pertencia a senhora que o recebia, e ela estava ajoelhada atrás do seu andador, esperando ele sair do banheiro, suja e nua da mesma maneira que ele estava anteriormente, oferecia um envelope com as duas mãos e, nervosa, dizendo:
-Aceite, senhor, essa pequena preza que ofereço a ti, senhor! Não, senhor! Não é muito, mas é do meu dever, senhor!
Ele tomou o envelope que ela oferecia, depois fugiu perguntas difíceis com palavras de ternura e compaixão, lavadas, decoradas e perfumadas. Enquanto colocava o restante de sua vestimenta, e sobrepor no braço uma braçadeira com emblema: "RR"
-No Corpus Christi eu venho testemunhar em seu favor, dona.
e a porta fechou atrás dele
-Amém…  - sussurrou em meio sorriso.- …ou deixem.
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O Novo “Tudo Junto e Misturado”
Ajoelhada por três horas no divã com Dr. Silveira, ela cambaleante, entorpecida, trêmula balbuciava palavras desconexas:
- …foi um extermínio… não era um acidente geo… não, não,não… não teve lógica, não foi lógico, foi brutalidade pura e rude…
- Um caso claro de Estupro Mental! – ele anotava em silêncio no seu bloquinho.
ela continuou alucinadamente  
…eram desabrigados. Não, eram molhados. Não sei ao certo… eram ossos! Isso! Ossos e lixo!
Aterrorizam a mente por quebrarem a rotina natural do ciclo, são enterrados vivos, nascem decompostos.Pavel_Filonov_Heads










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“Eu não vi o Mar.”
Das profundezas sociais da Lagoa, surgem como Jason, caminham entre iphods, camisetinhas marcadas. São os filhos da trigamia, um pai ausente, uma ausência de espírito, com uma mãe por desleixo. Já nascem com três limões e uma caixa de balinhas de eucalipto, pra esquecer e matar a fome, comem crack, secam, evaporam. Assim são as Suas vidas, macias, saborosas e refrescantes.
Depois de abatidos a latadas na cabeça, enrolados em jornal, são devolvidos, revolvidos, revoltados, desovados. Ficam boiando debaixo de marquises, são menores, menores que tudo , menor até que peixes mortos nos rasos fotográficos das notícias de jornal!
- Não Pode ficar assim! - disse a Moradora Preocupada – Vamos salvar a criança abandonad… ops! quero dizer…  salvar a Lagoa!
…O pivete? Ah, esse não tem jeito... Tem mais é que tirar eles da paisagem mesmo!Pavel_Filonov_KingsFeast

quinta-feira, 13 de maio de 2010

#SocialFeeling Se você fosse um grande lider religioso, tivesse assim um grupo de pessoas que confia totalmente no que disser, o que faria com isto? o que diria a essas pessoas?

O amor entre as pessoas deve independer de religião, a fé deve estar focada na mudança da visão que você tem do seu semelhante e não em idolatrar espíritos que precisam de dinheiro pra sobreviver! a religião é somente uma forma de tirar dinheiro de algo que é impalpável e que deveria ser pessoal, no entanto se torna uma lavagem cerebral voltada para a vaidade dos seus seguidores e pregadores! Você não é melhor nem pior, apenas diferente! Amor, duas vezes por dia, é o melhor remédio!

Depois de estalar os dedos e pescoço eu digo: Let's do it!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Estátuas de Giz e um Quadro Negro em Branco

Donald diz - Movimento contido?
Pateta diz - É pra dizer??
Donald diz - Pose sustentada?
Pateta diz - ah tá!! OK, check check!
De dentro da sua redoma de vidro, hermeticamente fechada, isolada, devidamente higienizada, rolando tonta, de ponta cabeça, sua cabeça aponta para uma entrada.
        - Não está vendo? Chegamos! Chegamos! Sejamos Bem Vindas!-apontando a placa que dizia:
“Museu de Musas Cegas: Surdas e cegas, não por vergonha, mas por  orgulho quase nacional!”
           -Impaciência!
        
           Ela explode sua redoma com tanta violência e ansiosidade, que o sentimento do ar puro finalmente entrando em seus pulmões vira uma sensação secundária perante a natureza da sua vontade de correr para o portal.  
           Adentrou nessa capela de Deusas maduras. O chão pouco sólido, era sangue muito pisado, o que deixava o ambiente com aroma ferroso, doente, e inquieto, um branco infinito nas paredes e pilares tornava aquele concreto impalpável, e uma tela de proporção absurda sobre um cavalete de porcelana, completavam a imagem desse vasto salão com uma mistura entre uma sala de emergência  e hotel barato. Um lustre feio iluminava o ambiente junto com poças de cera, que são velas deformadas por calor, entre as pilastras. Embaixo do lustre, uma fonte com imagens de Vênus se entregando à Adônis, com uma de Hathor vertendo vinho pela boca banhando os corpos brancos, lhe sugeriam que, todos que estiveram ali falavam uma língua universal e atemporal.
        
          Após o choque ansioso ter passado, aquele aroma peculiar de vinho e sangue secretamente acalmou seus sentidos. Agora, sua atenção transitava por onde ela nunca imaginou, ora no cerne do infinito interior, ora na mais bela superfície que a pele desenhava, e essa alternada alteração sensorial, fez ela sentir tremer seus lábios e invadir seu peito um calor de potência inextinguível, e com movimentos involuntários seu corpo torcia em degustação, as sombras fabricadas pelas velas velhas e pilastras a ergueram e a colocaram contra a tela onde ela estampou com seu corpo indomado uma pintura nas cores do mundo. Agora ela é o mundo.

          Durado uma vida de intensidade essas horas que se seguiram, sentiu-se só, e assim ela estava. Só. Sacerdotisa de sua própria religião, num templo que ela construiu por necessidade e desejo durante tantos e longos onze anos, e é a necessidade de transformá-lo em pó, que a toma de assalto. Aplacada pelo desassossego e de ódio ensimesmado, num frenesi genocida se lançou de encontro a cada centímetro de alva parede manchando elas com sua vergonha, trepou selvagem nas pilastras cravando suas unhas na tinta e concreto, subiu até o teto e se lançou pra cima do lampadário que pendia sobre a fonte.

Lustre se rompe.

          Caída na fonte, ela se engasga com o vinho que sorveu sem querer, ao sentir o perfume dela misturado com vinho as estátuas ganham vida, Vênus a ergue e a trás de encontro ao seu corpo, calma, solene, e de forma amiga e acolhedora, mas como uma planta carnívora faz de seus braços uma prisão. Adônis se aproxima, e de forma varonil a empala, com a sensibilidade de uma estátua de pedra, a violenta até seu membro quebrar e virar pó. Ela chora desesperada enquanto tudo acontece, e nos seios de Vênus, que os oferece como uma forma de compensação, ela mama, evocando memórias do início de sua vida. Mas o leite, como o veneno de uma aranha, age liquefazendo por dentro, ainda deu para ouvir ela em meio ao seu engasgo final, dizer:
          
            - Mã…mã…     

            Adônis se abaixa, a pega pelos pés e rompe a ponta dos dedos, e os direciona para fora da fonte, o liquido vermelho amarronzado se derrama pelo chão de mesma cor, até o corpo controlado se transformar em uma casca oca, como a de uma cigarra.
Vênus canta um velho lamento enquanto leva sua mais nova peça em direção à uma maçaneta escondida no branco, que ao abrir as portas mostra ser a parte interna de uma vitrine, com cabides que circulavam pelo teto. Vênus esperou um cabide vazio passar por ela e pregou a cabeça oca na haste. Do outro lado do vidro, estavam quatro homens maltrapilhos, rindo, vidrados, batendo palmas lentas, esperando ansiosos… acima desses homens, no reflexo do vidro, dava pra se ler um letreiro feito às pressas…
...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Achados mas Perdidos

achei um velho caderno, que tinha uns poemas, esse é de 2008:

Francesca

 

Quando em determinado momento,

ouvia-se pássaros lá fora

sonhava-se com tal liberdade

plantava-se a semente

a safra crescia sob olhares mecânicos,

ao abrigo do Sol,

em Edifícios Vedados

eletronicamente controlados

e lá fora os pássaros…

a Francesca pulava da janela

na amarga ilusão,

no doce utopismo,

Voar Voar

 

Thales Laranja     08-04-08 (uma senha tem seis dígitos)

daddy long legs of the evening hope - Salvador Dalí

 

Abraços

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Kop’quinze enquanto vós Colap’seis

(Salvador Dali, Criança geopolítica obervando o nascimento de um novo homem)
O Mundo dormiu na relva sentindo o calor do Sol bater nas suas costas que já estavam nuas, há quem poderia jurar que ele se revoltaria de acordar cada vez mais despido. Pelo contrário! Ele não se importa com isso, ele é maior do que qualquer mesquinharia. Desde que ele possa girar os seus ciclos por toda eternidade metódica, a nudez, assim não seria castigada!  
Angustia_SalvadorDali
Já passava da meia-volta quando apareceram, assim como um raro câncer no pé, inesperados e improváveis, homens com seus rostos cobertos por véus. Brancos eram os véus de uns, Negros o de outros, e outros tantos amarelos, verdes, vermelhos e azuis. De fato não importava a cor, o fato é que se escondiam por trás deles.
  3salvador_dali_the_dream_of_christopher_columbus
Eram Capitais Capitães Marciais Capiais, cortavam o mal pela metade com suas foices afoitas por justiça cega, eles eram as sinapses marginais de um sistema nervoso e afoito por Capital.  Quando encontraram em movimento lento, quase inerte, na grama esse mendigo seminú que em seu corpo ostentava grande riqueza, colares de ouro, pérolas, seios bem delineados, colhões entumecidos, anéis e auréolas de prata, contrastando com partes de extrema pobreza, sujo, leproso, cariado, faminto. E então os ceifadores julgando pelo pior, decidiram que ele,com toda aquela estranheza, não fazia parte daquele ambiente familiar, ataram sua mãos com mangas de camisa, seus pés com meias, jogaram por cima um plástico azul e biodiesel, uma ironia que o Destino havia reservado.
  SALVADOR DALIdalithelabyrinth
Esses pobres atearam fogo, iniciando assim a maior queimada promovida na face do Mundo, sentiram nos seus peitos uma leve ardência, quase imperceptível, mas essa era a voz que eles insistiam em não ouvir.

Deixaram aquele mendigo queimar, e ele queimou, e após passar por ums profusão daliniana de formas se transformou em massa disforme com pelo e olhos. Enterraram, como fazem com tudo que não entendem. Pois não podiam mais olhar para aquilo.E partiram dalí pra criar mais outros pastos para o seu Rebanho.
dali_cannibalism-autumn
O Mundo acordou no escuro, a terra entrava no que antes eram seus poros, olhos, boca, ouvidos, nariz, ele não respirava por ali. Friamente ele supôs:
-Cometeram um engano.
Enterraram o mundo, o deram como morto. Mas o que eles não sabiam era que o Mundo se adaptava, então aquele borrão de cores e ossos que havia sido enterrado foi absorvido para o seio da terra.
dali_voltaire
O Mundo, deformado por aquela corja, está construindo seu retorno praguejando contra os que caminham em grandes hordas, estúpidas, por cima da terra.
-Eles não deviam ter subjugado minha força natural.  Eles cuspiram para o alto, certo. Mas eles não sabem que ao cair, o cuspe trará com ele a grande tempestade que desintegrará como à uma estátua de sal, aquelas caras de “babaca aterrorizado” que eles adoram fazer.
dali-melancholy-atomic-uranic-idyll
Texto: Th.e_L.aires
Imagens: Salvador Dalí

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sucinta Sexta

à procura de um barulho ou um movimento
que me faça pensar em nada ou em ninguém,
que ilustre na minha mente formas rudes

onde eu veja uivante uma ruiva selvagem
onde eu veja endiabrada uma loira recatada
onde eu veja morena uma indescritível
onde o gole do santo na cerveja gelada venha abençoando o brilho eterno de uma mente sem lembrança

já é carnaval!
não me diga mais quem é você!
amanhã tudo volta ao normal!
seja você quem for! seja o que Deus quiser!

tá tudo na genética simplificada, tudo no folclore brasileiro acima de tudo carioca, na mais pura essência Rodrigueana.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

5,4,3... Zum!

"Fim, é a apenas o início,
é uma escolha não falar
mas deixa muito difícil
Difícil de suportar"

5....4.....3.....

Tudo arde em aço, e cobre,
não me cobre o seu espaço.
Aqui é escasso, tudo é pobre
são esses os podres que eu caço.

Seja turbante, ou batina,
não se atina o ignorante.
é flamejante sua sina,
de ser tira intolerante.

Numa poça, um mundo
são imundos na fossa
Na chafurda, fundo, fundo
os porcos fazendo troça:

       -Ache graça no que diz,
         a raiz da minha raça:

                    "Não siga sempre seu nariz, vem pra lama e me abraça!"

disse o velho porco chinês.        



(Erro 303)
"Desculpe-nos! Sítio Ainda em Construção! "

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quão Novo Feroz

Eu escrevo em WordPad pois eu não quero besteira pra viver!
meu peito derrete a neve dos invernos quando queima desatinado
meus olhos acolhem as feras em braços quentes quando as vê a esmorecer!
eu moro no país estranho, eu sou rei do meu próprio estado




Th.e_L.aires, pra ver a banda passar e crer que acredito que sei o que ela vai cantar

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tom sobre Tom: Prévia e Lembrança

Tom sobre Tom

Um passo em falso, em branco, eu salto
Alto
Se não quero, não posso, não faço!
Eu me aumento em minha sombra,
me parto em três pedaços,
Eu me espalho pelo mundo, eu evado o espaço!

Minha sina agora ecoa por esse tempo.tempo.tempo.
tempo. mais. outro tanto tempo.
Tempo surdo e imundo.
as cores desbotadas
fracamente iluminadas
nessa caixa de vidro apertada
nessa caixinha chamada mundo!

Nas noites frias me tortura
a lembrança triste da sua figura
o canto disforme do pássaro torto
sinto a brasa queimar seu olho

Mas recebi notícias suas
uma carta amarelada
um tanto perfumada
era a mãe com novidades boas!

Mentira

é mentira.
eu minto pela minha mente enlouquecida
pois hoje eu tenho que levar a vida
e você não vai me abandonar até o fim. A partida!

Laura? Laura?
Apaga vai!


                                    Th.e_L.aires 



Internas:

              "Eu acordei hoje, olhei o céu, e ele estava verde!!
               São meu olhos?! - me indaguei.
               Não, não, são os seus... - me atinei."

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